Da amizade, alegrias e tristezas de uma corrida…
Quem me acompanha lá no instagram e no snapchat, viu que em fevereiro eu estive em Verona pra correr a Giulietta e Romeo Half Marathon.
Essa era uma prova que a muito tempo eu sonhava em fazer. Acho que logo que comecei com as corridas de longa distância, essa foi sempre um dos meus objetivos. 2016 foi o ano que escolhi pra corre-la!
Foi super interessante, pq caiu exatamente no Valentines Day: dia 14 de fevereiro!
Depois de tudo agendado, treinado e esperado, o dia da corrida chegou e fiquei impressionada com a organização italiana!
Foi a minha primeira corrida na Italia e, eu estava ansiosa pra saber com seria!
Os italianos tem uma longa tradição com o atletismo e as corridas de rua. O esporte é levado super a serio lá. Os residentes precisam de atestado medico e afiliação pra poder participar das competições.
O local onde foi a feira era relativamente longe do centro(onde também foi a largada), não tao bem sinalizada(especialmente pra perdida aqui!!) mas, uma vez que encontrei o ginásio foi uma emoção só. Enquanto na Arena onde seria a chegada não havia pórtico nem movimentação de corrida, lá já estava tudo montado e pronto pra receber os corredores!
A feira era bem pequena, com muitos expositores de corridas locais e produtos de corrida italianos apenas. A entrega dos Bibs foi extremamente tranquila, assim como a entrega da camiseta do evento. O kit de corrida foi bem simples. Também fiquei impressionada com a divisão dos blocos de corredores: eu como sou lenta, fiquei no ultimo bloco, que eram daqueles que tinham o objetivo de terminar a corrida acima de 1h 50min!! A italianada tem turbo nos pés!!!!!!
Aproveitei o sábado pra dar uma corridinha pra soltar as pernas e conhecer um pedacinho da cidade que percorreríamos durante a prova com um pouco mais de calma. Aquele trote paquera, pra respirar um ar fresco, baixar a adrenalina e tirar muitas fotos!
Finalmente comecei a acreditar que realmente no domingo teria uma corrida: o pórtico apareceu de repente na praça da Arena!
O domingo de corrida nao correu exatamente como eu tinha planejado e mentalizado durante as minhas semanas de treinamento: cinza, extremamente frio e chuvoso!!!
Mas eu ainda contava com o melhor dos talismãs: minha amiga linda Iana foi a Verona pra ser minha “coelha”! Ela correu o tempo todo ao meu lado.
Esperei por ela e juntos com toda a “trupe” que estava conosco, fomos a um café onde ela gentilmente me cedeu um saco de lixo, no qual ela fez três furos(cabeça e braços). Aquela seria a nossa proteção contra uma chuva que não parava de cair desde as 6 da manha.
Eu costumo correr com todas as condições de tempo: sol escaldante, neve, chuva, ventania… Mas uma coisa é você estar correndo e começar a chover durante a corrida. Outra é você ja começar a correr com chuva. Os pés ficam molhados, gelados, enchem de bolhas com o tempo. O frio entra dentro das costelas e das espinhas e te gelam a alma. E mesmo com tanto calor no coração, começamos a correr assim: molhadas, geladas e caladas.
Tudo estava correndo super bem até mais ou menos o km5. Lá minha respiração ja deu uma descontrolada. O frio, a ansiedade, o vento, o ritmo forte de corrida começaram já a atacar um pouco minha asma. Mas eu estava ali pra correr com a minha amiga. Eu tinha um objetivo e estava literalmente correndo atrás dele. No km7 aconteceu o pesadelo: pisei em falso numa pedra e, meu quadril esquerdo gritou o que ele já minha sussurrando na semana anterior da corrida: uma dor de lesão. Foi terrível. A dor começou ali e me acompanhou muitos dias depois da corrida. A cada km que passava ela so aumentava. Fui obrigada a parar diversas vezes pra massagear, alongar, andar. Cada parada me provocava um aperto no coração. Meu objetivo se distanciava cada vez mais e a dor só aumentava. No km 14 fiz uma pausa maior: estava muito próxima do centro e da chegada. Eu poderia desistir ali. Desde que eu corri a maratona de Paris machucada e com dores, tinha prometido a mim mesma não correr mais com dor. Aquilo martelava minha cabeça com muita forca.
Só que eu nao queria sentir o amargo da desistência, eu queria passar por aquela Arena e queria minha medalha.
Continuei a corrida, lado a lado com minha “anja”. Ela foi excepcional em estar ali ao meu lado. Nestes momentos, percebemos o quanto vale uma amizade. Correr esses 21,1km com ela, passar pelos perrengues, pela dor, pela chuva(que parou pouco antes de chegarmos), por aquela Arena histórica(foi incrível a vibração do lugar, me arrepiou!) e cruzar a linha de maos dadas com ela foi algo realmente priceless! Nada que eu fale ou faça vai poder expressar minha tamanha gratidão.
Aqui, depois das lagrimas de dor e decepção com a minha medalha. Mas extremamente agradecida por não ter desistido!
A novela dessa dor foi muito mais além… Fui diagnosticada aqui na Alemanha com uma bursite no quadril, que me rendeu várias injeções de cortisona, banhos de gelo, dor, anti inflamatórios e uma longa pausa na corrida. Aquele pesadelo na vida de todo corredor. O bom de tudo é que na vida nenhum mal dura pra sempre. E depois das trevas sempre vem o paraíso. E tudo vai ficar bem no final…